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Acontece no mercado imobiliário

Escritórios secundários perdem locatários: tendência preocupante

escrito por

Marcia Garcia

publicado em

24 de abril de 2025

tempo de leitura:

9 min

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Os escritórios de segunda categoria estão enfrentando uma significativa perda de inquilinos, revelando um novo panorama no mercado imobiliário, especialmente em grandes centros urbanos como São Paulo. As empresas estão migrando para prédios de classe A ou A+, atraídas por ambientes mais confortáveis e adequados às exigências contemporâneas do trabalho. A absorção líquida de escritórios B e C na capital paulista caiu consideravelmente, refletindo uma mudança estrutural nas prioridades corporativas.
 
Com a transformação provocada pela pandemia, as organizações passaram a valorizar espaços que proporcionem bem-estar e produtividade, levando a um fenômeno conhecido como “flight to quality”. Este movimento é exemplificado por casos como da Amazon, que se mudará para um edifício maior e mais moderno. Os novos requisitos incluem lajes amplas, localizações acessíveis e amenities que aperfeiçoam a experiência dos colaboradores. Nesse contexto, a qualidade do ambiente de trabalho se tornou fundamental. Prepare-se para explorar as tendências que estão moldando o futuro do mercado de escritórios:

Escritórios de segunda categoria começam a perder inquilinos: um novo panorama no mercado imobiliário

Os escritórios de segunda categoria estão enfrentando um cenário desafiador no mercado imobiliário, especialmente em grandes centros urbanos como São Paulo. Neste contexto, muitas empresas que antes optavam por esses espaços mais modestos estão atualmente buscando migração para prédios de classe A ou A+, que oferecem condições muito mais atrativas e adequadas às exigências contemporâneas do mundo corporativo. No primeiro trimestre, a absorção líquida de escritórios B e C na capital paulista apresentou uma queda de 29 mil metros quadrados, o que marca um ponto significativo no comportamento do mercado imobiliário.

 

A ascensão dos escritórios de alta categoria

A mudança no perfil das empresas inquilinas é notável. Com a transformação provocada pela pandemia, as organizações começaram a priorizar qualidade e conforto em seus ambientes de trabalho. Edifícios de alta categoria não apenas oferecem lajes maiores e sistemas de refrigeração modernos, mas também contam com amenities que proporcionam uma experiência excepcional para os funcionários. Marcos Alves, CEO da RealtyCorp, mencionou um fenômeno chamado “flight to quality”, onde as empresas buscam espaços que não sejam apenas confortáveis, mas que também ajudem a fidelizar os colaboradores.

 

O desejo por ambientes de trabalho que inspirem criatividade e produtividade ficou claro com o exemplo da Amazon. A gigante do comércio eletrônico decidiu mudar-se de um espaço de 19,8 mil m² no Complexo JK para um novo prédio ainda em construção em Pinheiros, com 39,2 mil m². Essa mudança reflete a adaptabilidade das empresas diante das novas expectativas dos funcionários após o home office.

 

O que as empresas buscam nos novos espaços?

O crescente deslocamento para escritórios de classe A revela uma mudança significativa nas prioridades das empresas. A demanda por imóveis que apresentem uma ampla gama de características, como pé-direito alto, maior número de vagas na garagem e localizações que favoreçam o acesso e a mobilidade, se tornou uma necessidade. Tais requisitos vão além do básico e insinuam uma nova era para o ambiente corporativo. As empresas, em busca de destaque em um mercado competitivo, veem na troca de espaço uma oportunidade não só de melhoria das condições de trabalho, mas também de sua própria imagem.

 

A popularização do conceito de “home office” durante a pandemia trouxe à tona uma nova percepção sobre o trabalho. Muitas organizações constataram que, para reverter a tendência de funcionários resistentes ao retorno ao escritório, precisariam oferecer estruturas que fossem não somente funcionais, mas que tornassem o ambiente de trabalho atrativo e inovador.

 

O impacto no mercado de escritórios de segunda categoria

A diminuição da demanda por escritórios de segunda categoria não é apenas um reflexo de uma tendência temporária, mas sim o sinal de uma mudança estrutural no mercado. Com a absorção líquida de prédios B e C apresentando resultados negativos pela primeira vez desde 2022, fica evidente que os gestores e decisores das empresas estão revendo suas estratégias. Não é mais suficiente ter um espaço; agora, é preciso ter o espaço certo.

 

Além disso, o aumento da absorção líquida dos edifícios A+ em 57,4 mil m² no mesmo período ilustra a forte preferência por ambientes que atendam a esses novos padrões de qualidade. As empresas estão investindo em seus escritórios como uma forma de garantir uma experiência superior para seus colaboradores e, consequentemente, aumentar a produtividade da equipe.

 

Fatores que impulsionam a procura por espaços de qualidade

Um dos fatores fundamentais nessa busca incessante é a concorrência acirrada por talentos. Em um mercado cada vez mais digital e interconectado, as empresas precisam criar ambientes que não apenas atraem novos profissionais, mas que também promovam a retenção dos talentos existentes. Os profissionais de hoje buscam mais do que um simples emprego; eles querem um ambiente que ofereça qualidade de vida e um propósito.

 

Além disso, chegou-se à conclusão de que a localização pode ter um grande impacto na decisão de inquilinos. As empresas estão se aventurando em bairros menos tradicionais, mas que ainda assim oferecem acessibilidade e infraestrutura adequada, buscando evitar a pressão financeira alta dos endereços mais nobres.

 

Um futuro promissor ou desafiador?

A transição dos escritórios de segunda categoria para os de alta classificação representa um momento de reflexão e ação tanto para investidores quanto para as empresas inquilinas. O que antes era considerado aceitável, agora está sendo revisitado sob uma nova luz. À medida que as empresas fazem essa transição, o mercado imobiliário global terá que se adaptar a essas novas demandas, e é possível que vejamos um movimento significativo em direção à modernização de prédios antigos.

 

Neste cenário, permanece a pergunta: será que a tendência de busca por escritórios de alta qualidade é um sinal de prosperidade ou uma resposta necessária a um mercado em transformação? O tempo dirá, mas as mudanças já estão sendo observadas e continuarão a impactar o mercado pelos próximos anos.

 

Refletindo sobre o novo panorama dos escritórios

Em resumo, a perda de inquilinos nos escritórios de segunda categoria não deve ser vista apenas como uma crise, mas como uma oportunidade de evolução dentro do setor imobiliário. As empresas estão tomando decisões que refletem uma cultura de trabalho mais moderna e eficiente, adaptando-se às necessidades de um mundo que mudou drasticamente nos últimos anos.

 

Agora mais do que nunca, a qualidade do espaço de trabalho é crucial para a saúde e sucesso das organizações. Veremos, sem dúvida, essa tendência crescer à medida que os padrões de trabalho e as expectativas dos funcionários continuam a evoluir. Se você é um proprietário de imóvel comercial ou gestor, este é o momento ideal para avaliar seu portfólio e adaptá-lo às demandas do futuro.