A crise da construção em Buenos Aires revela uma realidade preocupante para o setor imobiliário corporativo da capital argentina. Nos últimos anos, a cidade, que abriga cerca de 90% dos edifícios comerciais do país, tem enfrentado uma escassez de novos projetos, com apenas 152 mil metros quadrados em obras, o menor nível dos últimos cinco anos. A inflação elevada e a resistência ao modelo presencial têm impactado negativamente a demanda, resultando em taxas de vacância alarmantes, especialmente nas áreas centrais. Além disso, a escassez de crédito torna os investimentos ainda mais arriscados para os desenvolvedores. Contudo, especialistas acreditam que essa pausa pode preparar o terreno para um futuro mais promissor, com potenciais novos empreendimentos à vista assim que a economia se estabilizar. Neste artigo, você explorará as causas da estagnação atual e as perspectivas de recuperação do mercado imobiliário em Buenos Aires:
A crise da construção em Buenos Aires: onde estão os novos projetos corporativos?
A capital argentina, reconhecida por sua rica cultura e arquitetura icônica, enfrenta um verdadeiro desafio nos últimos anos: uma seca de novos projetos para prédios corporativos. Apesar do otimismo reinante entre as empresas, que vislumbram um futuro promissor para a economia nacional, a realidade mostra que o setor imobiliário comercial tem enfrentado obstáculos significativos. Neste artigo, vamos explorar os fatores que contribuíram para essa estagnação e discutir como o mercado pode se recuperar.
A situação atual do mercado imobiliário comercial em Buenos Aires
Atualmente, Buenos Aires concentra cerca de 90% do estoque de prédios corporativos da Argentina, totalizando aproximadamente 2,5 milhões de metros quadrados. Contudo, os números apresentados pela consultoria Cushman & Wakefield revelam que apenas 152 mil metros quadrados estão em obras, cifra que representa o nível mais baixo dos últimos cinco anos. Essa realidade reflete não apenas problemas localizados, mas uma tendência preocupante para o futuro do mercado.
Regiões tradicionais como o Microcentro, onde está situado o distrito financeiro, registram uma construção mínima neste ano, com apenas 12 mil metros quadrados sendo erguidos. Em Puerto Madero, um dos endereços mais valorizados da cidade, não há qualquer nova construção programada. Para aqueles que buscam oportunidades no setor, isso significa que o espaço disponível e as opções de locação estão se tornando cada vez mais limitadas.
As causas da estagnação
Os motivos por trás dessa seca de novos projetos são diversos e complexos. Primeiramente, a inflação elevada persiste como um dos principais obstáculos, fazendo com que os custos de construção disparem e tornando os investimentos mais arriscados. Além disso, a resistência crescente ao modelo presencial por parte dos trabalhadores tem impactado diretamente a demanda por novos espaços corporativos. Com o advento do modelo híbrido de trabalho, a frequência média nos escritórios caiu para apenas dois dias por semana, resultando em uma taxa de vacância de 18,6% nas propriedades comerciais.
O cenário é ainda mais alarmante em áreas centrais, onde as taxas de desocupação superam 30%. O Microcentro, um ponto chave para empresas, também enfrenta um desafio considerável, já que mesmo os edifícios finalizados há anos permanecem em espera para serem inaugurados. Essa situação expõe a fragilidade do mercado e desestimula novos investidores a entrar nesse cenário incerto.
A escassez de crédito e sua influência
Outro fator relevante que perpetua a crise de novas construções é a escassez de crédito imobiliário. As incorporadoras estão cada vez mais dependentes de seu próprio capital para financiar projetos, o que eleva a cautela na hora de investir. “Como todas as transações de real estate na Argentina são feitas em dólar, qualquer variação para cima da moeda americana afeta o setor”, explica Guido Mosin, gerente de research da JLL na Argentina. Nesse contexto, a falta de recursos financeiros disponíveis torna-se um obstáculo significativo para o avanço de novos empreendimentos.
Perspectivas para o futuro do mercado imobiliário em Buenos Aires
Apesar das dificuldades atuais, especialistas como Ignacio Alvarez, coordenador de market research da Cushman & Wakefield, acreditam que o mercado está apenas enfrentando um momento de pausa. De acordo com ele, a expectativa é que, uma vez que a economia comece a apresentar sinais de recuperação, haja uma onda de novos projetos. Essa interrupção pode, paradoxalmente, preparar o terreno para um boom de novos estoques que atenderão a uma demanda reprimida.
É importante considerar que o mercado imobiliário sempre foi cíclico. A análise de Nicolás Borrescio, analista de research da JLL, reforça essa perspectiva, ao indicar que o setor aguarda uma “estabilização confiável” do cenário econômico. No momento em que essa estabilidade for estabelecida, é provável que os investidores voltem a apostar em novos empreendimentos, oferecendo maior disponibilidade de escritórios e, consequentemente, melhorando as condições do mercado.
Os sinais de esperança no horizonte
Entre os poucos projetos que avançam, destaca-se uma torre de 35 andares do Banco Safra, que será o primeiro edifício de escritórios AA a ser entregue nos próximos três anos. Com um espaço de alta qualidade, esse projeto pode simbolizar o renascimento do setor. À medida que a economia se recupera e as empresas se adaptam às novas realidades do trabalho, a visão otimista de Guido Mosin pode se concretizar.
Enquanto Buenos Aires vive uma seca de novos projetos para prédios corporativos, o cenário pode estar prestes a mudar. O que se percebe, em meio aos desafios, é um forte desejo de adaptação e resiliência por parte do setor. A combinação de fatores econômicos, sociais e estruturais traz à tona a necessidade de uma abordagem inovadora para revitalizar o mercado imobiliário.
Seja através de reformas, novos modelos de trabalho ou mesmo políticas mais favoráveis ao investimento, a esperança é que, em breve, possamos testemunhar um renascimento no horizonte da construção civil em Buenos Aires. O futuro é um mistério, mas, como em toda grande jornada, as dificuldades são apenas os prelúdios de grandes conquistas que virão.
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